Com a crise hídrica que afeta todo o Estado de São Paulo desde o início do ano, a vazão do rio Piracicaba atingiu segunda-feira (14/07) 11,5 mil litros de água por segundo, menor valor registrado nos últimos 30 anos, de acordo com informações do Daee (Departamento de Águas e Energia Elétrica).
O índice é 82% menor que a média esperada para o mês, segundo dados da Sala de Situação dos Comitês PCJ (Piracicaba, Capivari e Jundiaí). O nível do rio também voltou a cair e estava com 83 centímetros segunda às 19h35, 43% mais baixo que no mesmo dia em 2013.
É a terceira vez no ano que o nível do rio fica abaixo de um metro. O fato ocorreu também em fevereiro e em maio deste ano, causando a mortandade de diversas espécies de peixes.
Segundo a professora de ecologia da Unimep (Universidade Metodista de Piracicaba) Silvia Regina Gobbo, se a temperatura estivesse mais alta, a mortandade dos peixes poderia ocorrer novamente.
“A sorte é que estamos no inverno e a temperatura está mais amena, senão a situação seria mais complicada. Mas se continuar sem chuva, com certeza a mortandade vai acontecer novamente”.
A professora explicou que a seca afetou a piracema, que ocorreu no início do ano, e que os prejuízos devem se estender por alguns anos.
“Não é uma situação simples de contornar. Serão necessários de dois a três anos para começarmos a recuperar o que foi perdido”.
Silvia lembrou que os prejuízos vão além do meio ambiente e do abastecimento das cidades. “É um problema que vai afetar a economia como um todo, já que vai faltar água para agricultura irrigar as culturas e para as indústrias, principalmente do setor de alimentação”.
Para a professora, o sistema Cantareira não está acompanhando o crescimento das cidades e nem sendo suficiente para abastecer São Paulo.
“É necessário buscar outras fontes de abastecimento, mesmo que leve um tempo, uma outra solução precisa ser considerada e é preciso começar a agir já”.
De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia), não há previsão de chuva para os próximos dias na região.
EQUIPAMENTO — De acordo com o engenheiro do Daee, Astor Dias de Andrade, o nível do rio está tão abaixo do normal que o equipamento submerso que mede o nível e a vazão ficou fora d’água nos últimos dias.
“Nós trocamos o equipamento por um aéreo no dia 11 e estão sendo feitos alguns ajustes. Os dados ainda estão passando por atualização”