O índice de poluição do rio Piracicaba está cinco vezes maior que o aceitável. A taxa de condutividade (poluição) encontrada foi de 944 micro siemens (quantidade de sais dissolvidos na água) por centímetro, enquanto o ideal seria até 150 por centímetro.
Os dados foram divulgados pelo pesquisador e docente do Cena/USP (Centro de Energia Nuclear na Agricultura), Plínio Barbosa de Camargo, que realizou testes no rio na manhã de segunda-feira (18/08) no trecho urbano da Rua do Porto.
Através do resultado,foi possível determinar a taxa de poluição do rio e, segundo o pesquisador o “alerta vermelho” foi aceso.
Camargo disse que as medições anteriores realizadas nos meses de fevereiro, março, maio, junho e julho deste ano já demostravam um alto índice de poluentes no rio, mas a análise feita segunda mostrou que o índice de poluição do Piracicaba está 529% maior do que o aceitável.
Ainda segundo Camargo, o nível de oxigênio da água do rio Piracicaba também é um fator preocupante. Na análise realizada segunda, o resultado encontrado foi de 2,90 miligramas de oxigênio por litro de água, sendo que o índice ideal seria 5 miligramas.
O pH (potencial Hidrogeniônico, escala logarítmica que mede o grau de acidez, neutralidade ou alcalinidade de uma determinada solução) da água era de 7,63, quando o ideal seria 7.
“Como o rio está baixo e não tem chovido, os microorganismos que decompõe os poluentes orgânicos do rio acabam por consumir o oxigênio e isso também contribui para diminuir o índice de oxigênio da água. A recomendação é que, neste momento, pare o despejo de qualquer tipo de poluição no rio Piracicaba”, disse Camargo.
O pesquisador da USP ressaltou que o problema só poderá ser solucionado a longo prazo. “As ETE‘s (Estação de Tratamento de Esgoto) não são 100% eficientes e isto também contribui para o nível de poluição, uma vez que o despejo do esgoto tratado é feito no rio Piracicaba. Para solucionar este problema precisaríamos restabelecer alguns córregos e nascentes e impedir, imediatamente, o despejo de esgoto ou qualquer tipo de poluente in natura no rio”, disse.
MORTANDADE— A baixa oxigenação da água foi apontada pela Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) como uma das causas da mortandade de peixes que ocorreu na última quarta-feira (13/08).
Segundo a companhia, o volume de esgoto gerado não se altera, o que faz com que a concentração de poluentes no rio aumente.
“Esse tipo de fenômeno é provavelmente, também, consequência da estiagem, que levou à redução do teor de oxigênio dissolvido nas águas do rio. Outra possibilidade é ter ocorrido algum lançamento irregular de produto químico tóxico”, diz trecho da nota enviada pela Cetesb.
De acordo com a Sala de Situação PCJ, segunda a vazão do rio estava 80% abaixo da média esperada para o mês: o índice registrado era de apenas 11,37 metros cúbicos de água por segundo, sendo que a vazão média esperada é de 55,61 metros cúbicos de água por segundo.
O nível estava com 80 centímetros, 43,73% abaixo do esperado para o mês de agosto.