Às vésperas do encerramento, a safra da cana-de-açúcar deste ano será concluída com quebra estimada de 15% na região de Piracicaba. O volume de cana cortada neste ano ficará abaixo do resultado da safra de 2015, que terminou com 35 milhões de toneladas frente às 30 milhões projetadas para este ano. Os dados foram divulgados pela Coplacana (Cooperativa dos Plantadores de Cana do Estado de São Paulo) e Afocapi (Associação dos Fornecedores de Cana do Estado de São Paulo).

De acordo com as entidades, os principais fatores causadores da quebra foram a instabilidade climática e a crise econômica. Os dados compreendem Piracicaba e mais 75 municípios de base da Associação. A quebra na região é superior ao que estava previsto — no período do plantio, a quebra era estimada em 6%. Segundo o presidente da Coplacana, Arnaldo Bortoletto, algumas usinas da região anteciparam o fim da safra em até 60 dias, porém, de forma geral, o ritmo de colheita no entorno de Piracicaba aponta para uma antecipação de 30 dias em média. “A moagem da cana estava prevista para terminar em 15 de dezembro, mas de forma geral, na primeira quinzena de novembro, boa parte dos produtores já havia concluído os trabalhos. Em média, 90% das unidades já concluíram este processo”, afirmou.

Na safra atual, o preço do etanol foi reajustado e o valor do ATR (Açúcar Total Recuperável), que é usado como base para remuneração dos produtores, subiu, passando de R$ 0,50 o quilo na safra de 2015 para R$ 0,68 o quilo atualmente. “Com este valor devemos cobrir os custos desta safra, mas mesmo assim o endividamento do setor ainda é grande”, afirmou Bortoletto. Ao longo do ano, as usinas priorizaram a produção de açúcar, produto que corresponde a 56% do mix. Ao etanol restou a fatia restante de 44%. “Esta é uma matemática simples. Se o açúcar está melhor cotado, o que resulta em remuneração maior aos produtores, a opção é que haja prevalência na produção do açúcar em detrimento do combustível”, disse.

O presidente da Coplacana informou que não há previsão da ocorrência na região de cana bisada, como é denominada a parcela da produção que não é colhida dentro da safra e que deixa para ser colhida na seguinte. Ao todo, foram plantados na macrorregião aproximadamente 44 mil hectares de cana e a safra gerou cerca de 12 mil empregos diretos, conforme a Afocapi. Atualmente, na base da Associação existem cerca de 15 mil fornecedores, dos quais 700 são de Piracicaba.

 

FONTE: Jornal de Piracicaba